Nascido em 1899 em Barra Mansa, Rio de Janeiro, um dos mais completos artistas da geração modernista brasileira, o carioca Flávio de Rezende Carvalho, ou Flávio de Carvalho, foi arquiteto, engenheiro, cenógrafo, teatrólogo, pintor, desenhista, artista plástico, performer e músico.

Filho de família abastada, Flávio de Carvalho estudou na França e Inglaterra, onde cursou Engenharia Civil na Universidade de Durham e Artes Plásticas na King Edward Seventh School of Fine Arts, onde teve contato com os vanguardistas europeus. Após concluir seus estudos na Europa voltou ao Brasil, 1922, e foi trabalhar no escritório do arquiteto Ramos de Azevedo, onde permaneceu por pouco tempo. Em 1926, foi ser ilustrador no Diário da Noite e lá conheceu Di Cavalcanti, Oswald de Andrade e Tarsila do Amaral cujos valores o influenciaram.

Na década de 30 fixou residência São Paulo. Nesta época desenhou uma série de ladrilhos inspirada nos cinco sentidos: visão, paladar, audição, olfato e tato. Tais revestimentos foram feitos para os pisos de um conjunto de casas de uma vila na Alameda Lorena, nos Jardins. Em 1939 construiu sua casa, na Fazenda Capuava, em Valinhos, já dando mostras do seu pensar contemporâneo. A casa sede, com 650 m² de área construída e 14 cômodos, possui uma grande sala, de 16,5 m² x 7,5 m², sem divisões - uma idéia inovadora para época - e é também ladeada por duas varandas. Neste volume uma grande porta central, com 8 m de altura, marca o acesso principal.

Fazendo valer sua crença de que design de interiores e arquitetura são interligados, Flávio de Carvalho fez questão de desenhar detalhes desta construção, inclusive alguns móveis editados em série apenas nos anos 1980 pelo Nucleon 8. Entre esses móveis está sua peça mais conhecida e que hoje figura em ambientes contemporâneos: a poltrona Flávio de Carvalho - FDC1- com estrutura em ferro e tiras de couro.